Longas piteiras, Perfumes no ar. Roxas olheiras Em torno do olhar. Que brincadeira Fazer profissão Da mais antiga e Mais sem solução. Discos franceses Tão sentimentais. Velhos fregueses Com taras iguais. Ah, quem me dera voltar para trás Sem sentir mais tanta solidão. E, de repente, entre tanto cliente, Lá chega o gostosão. E, incontinenti, abre conta corrente Em nosso coração. A gente apanha Mas sente prazer. Dá o que ganha E o que se vai fazer. Ele é a paixão, todo resto é saber Vender um pouco de ilusão. E um dia assim, Como quem faz porque acontece, Num abraço ela me desse A esperança de poder dizer-lhe adeus.