Cada dia que se acaba Vou riscando com uma cruz Passam anos vai-se a vida Que já nada traduz Hoje outra folha Tirei ao meu calendário Passou mais um mês Não adianta contar São mais trinta dias Sem ti outra vez Longa espera, meu cabelo Acabou já por embranquecer Falta muito ou falta pouco P´ra te voltar a ver São doze folhas cruéis Que o meu desespero Há-de sempre atirar Para o cesto dos papéis E no fim de tudo nada vai mudar Passam invernos e primaveras E o calendário é igual Por meu mal sempre igual Por essa razão já pensei que talvez Seja melhor arrancar As folhas que falta Todas de uma vez