Mulher ingrata o seu rosto descorado Já não esconde o desgosto que sofreu Se você fez de sua vida um mercado Este destino você mesma escolheu Você já teve um certo lar como um abrigo E teve um homem que outrora lhe quis bem Mas por vaidade desprezou o lar antigo Para viver entre as mulheres de ninguém Naquele dia quando você foi embora Desesperado chorei lágrimas de dor E nunca mais esqueci a triste hora Que para sempre eu fiquei sem seu amor O meu consolo é abraçar nossa filhinha Que tanto chora porque não pode te ver Para o meu martírio essa pobre coitadinha A todo instante me pergunta por você "papaizinho, onde está minha mãezinha Todas as criancinhas têm mãe Só eu que não tenho a minha Não chora filhinha Enxugue os olhinhos seus Sua mãezinha querida Foi para o céu junto de deus" Mulher ingrata é impossível que no limbo Você consiga repousar em santa paz É impossível que não doa em seu peito A negra mancha que só a morte desfaz A boemia é um abismo de ilusões Onde os boêmios sepultam a morar No fim da vida em cruéis desilusões Todos recebem um castigo do seu mal