Lá fora outro edifício Trezentos apartamentos Um batalhão de pedreiros Todos cheirando cimento Mas imune aqui dentro Inês dorme Inês dorme Imune aqui dentro Inês dorme O mundo em temor Na tela da televisão Deu tudo errado, derrapou Parece não ter jeito não Mas só a dois palmos do chão Inês dorme Inês dorme A dois palmos do chão Inês dorme Telefono, fumo e como Ansioso o dia inteiro Traço a minha impaciência Do quarto pro banheiro Mas com o rosto no travesseiro Inês dorme Inês dorme Com o rosto no travesseiro Inês dorme Mais uma bala foi cuspida E por acaso passou rente Balas de ódio e de ciúmes Balas tão feitas de gente Mas tranquila, indiferente Inês dorme Inês dorme Tranquila, indiferente Inês dorme A noite trás a sombra De algum mal invisível Fico atento observando Sei que nada é impossível Mas distante, inatingível Inês dorme Inês dorme Distante, inatingível Inês dorme