Um representante do medo fez todo um enredo Pra ser declarado rei do apocalipse tupiniquim Tomou o picadeiro, se chamou de guerreiro E foi aclamado de pernas para o ar Como anjo, algor e jasmim Em pleno dilúvio, fez do Danúbio seu córrego particular É tecido no ódio, fez do seu pódio o disclame popular Com o calor das geladas, deu largada, à nova ditadura popular Em 1964, um povo acuado, se integrava ao protestar A uma nova carreira que servia a bandeira e ao regime militar Mas isso não valeu nada quando desolada, se voltou a gritar Nas ruas, nas praças, as raças aclamavam mais um voto popular Foi então, consequente, que um congresso discente foi forçado a opinar E forjada na desgraça a constituição fez seu lar E o então baderneiro, mal visto voto brasileiro retornou a reinar Mas de que vale o entrave se a história é uma novela a reprisar Dos inúmeros anos de discursos insanos, já iria conquistar Dentre a família, a ordem e a razão O belo visto cidadão de porte de armas o iria adorar O sujeito prudente de pistola na mão, a sociedade irá organizar E se é imprudente que todo vivente possa legalmente se matar É pelo cifrão, desde o idoso à nação que iremos nos nivelar E pela devoção ao Deus cidadão, tudo irá se ajeitar Pois o Deus que nos fala, por lei, na Bíblia Sagrada, não matarás É o mesmo Deus que permite a arma, a violência A insanidade, a segregação, o estupro O abandono e a absolvição de Barrabás Tudo ao mesmo tempo, pois este é o Deus do impossível O Deus da incongruência, o Deus da desavença Que Jesus condenou com seu amor assumido Mas de que isso vale Se na autoclave dos interesses do homem, tudo é palatível E a ignorância é sobrenome Para que o ódio pessoal, se torne elegível Rei Midas