Botei um vistaço na tropa em reponte Bombeei o horizonte de um verso campeiro O gado tranqueando o Rio Grande no passo No casco o compasso do gateado-oveiro A manga de chuva ponteou na divisa Silhueta de um poncho, se abriu sobre a anca E lá feito eu, uma garça solita Figura no céu uma cruz de asas brancas (Eu trago uma pátria no par das esporas) (Templada de estrelas colhidas no sul) (E outra rangindo por sobre a carona) (Firmando o sustento pra um bom paysandu) (Por léguas de estrada no aboio do gado) (O tempo bem sabe que eu tenho fronteiras) (E os ventos guapeiam no meu campomar) (Galpão que é meu poncho, sem cor de bandeira) Até a estampa encardida da tarde Ganhou olhos de maio e cismou a empezar Pois se agranda a vontade de pasto pra tropa De mate, cambona e desencilhar Avisto a estância nas léguas que faltam Imagino o angico campeando nas brasas Fogueando a saudade com a paz do galpão E a alma da gente, se sente nas casas Eu trago uma pátria no par das esporas Templada de estrelas colhidas no sul E outra rangindo por sobre a carona Firmando o sustento pra um bom paysandu Por léguas de estrada no aboio do gado O tempo bem sabe que eu tenho fronteiras E os ventos guapeiam no meu campomar Galpão que é meu poncho, sem cor de bandeira Eu trago uma pátria no par das esporas