Lisboa tem um tesouro que escondeu Numa das sete colinas pequeninas O fado que ela aprendeu Mais o berço onde nasceu a canastra das varinas Só não tem um coração porque mo deu Perto da Rua das Trinas Quando Lisboa chega a casa às sete da manhã Já o Tejo anda a pedir p’ra que Lisboa se deite E ela não fica sozinha Porque tem uma sardinha e um jarrinho de azeite; Quando Lisboa chega a casa às sete da manhã Ainda o fado anda a pedir aos restos da madrugada Para o levarem a casa Porque um grãozinho na asa fê-lo esquecer a morada Lisboa tem um segredo que contou Ao santinho da sua predileção Mas o menino acordou E Lisboa transformou o segredo num pregão E agora que Santo António autorizou Vai contá-lo a São João Lisboa tem um poema que escreveu Com a espuma azul das primeiras traineiras E o que então aconteceu Foi que a espuma dissolveu as rimas mais verdadeiras E só quem as soube ler e aprendeu Foi a alma das peixeiras