Desoras

Filho dos Livres

Retorna agora, mulher de Sonora,
Cante e dance em mim,
Me leve até o fim!
Recolhido a caserna,
Deitado nas palhas dela,
Me encontro e desencontro 
Com a alma das palavras.

Palavras que não foram ditas
Guardam o segredo das flechas
Que há tempos me rasgam.

Desoras que eu posso te ter,
E outrora eu pudesse esquecer,
Que a história não vai perceber,
Se eu partir sem você.

Veja como o lago aguarda 
Calmo, em pura solidão,
A minha efusão.
Debruçado em uma rede leve, 
De pétalas sem cor,
Recordo o meu amor, 
Recordo das palavras.

Palavras que foram guardadas,
Que calam tuas madrugadas,
E cercam tuas pedras e fadas,
Que há tempos me entregam.

Desoras pra te consumir,
E outrora eu pudesse assumir,
Que a história não vai permitir
Se eu partir sem você.

Desoras pra te concertar,
E outrora eu pudesse aceitar,
Que a história não vai alterar,
Se eu partir sem você.
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