Amanhã de manhã vou deixar a cidade Porque a saudade no peito é um espinho Aqui na floresta de cimento armado Lembro do roçado e choro sozinho Eu já decidi, vou voltar pro sertão Ver o ribeirão e o monjolinho Vou viver no mato da pesca e da caça Caipira na praça é um estranho no ninho. Quero ver de novo lindas borboletas Beijando violetas no sol da manhã E sobre as colinas ver os beija flores Estampando as flores das obras cristãs Vou ver a morena com seu requebrado Do rosto rosado da cor do romã E o astro rei com raios dourados Se for no cerrado eu viro o amanhã. De manhã cedinho eu quero ouvir Mestre bem-te-vi cantando pra mim Quero ver o sol nas gotinhas de orvalho Fazendo rosário por sobre o capim Ver o tico-tico com sua inocência Tratar com imponência os filhos do chupim E na sombra fresca de um bambuzal Sentir ao natural o perfume do jasmim. Quero ver a lua com sua magia E as três marias que tanto me inspira O sopro da brisa embaixo da paineira Deitar numa esteira trançada de embira Quero ver o céu com seu manto encantado De estrelas bordado na cor de safira Vou morar num rancho feito de tapume Voltar aos costumes do homem caipira.