O Homem que Matava Marajás Sorria, mas matava marajás Matava as suas mães Matava os seus pais Matava os parentes Os suplentes serviçais O Homem que Matava Marajás Os perseguia do Rio Grande Aos Amapás Investigava rendimentos De autoridades federais Se descobria falcatruas Começava a andar atrás Então um dia, quando andava bem folgado O marajá era flagrado E o pescocinho degolado Também curtia estrangular vereadores Quando sabia de mordomias e favores Destruia os arquivos E as fotos de seu rei De onde vinha essa fúria Contra o estado contra a lei? Foi se tornando quase Um deputamicída Pois no café lá da Assembleia fornecida Acabou com uma sessão Provocando uma explosão Num botão de votação De um marajá do Maranhão Seria ele um simples terrorista Um tarado, um vigarista ou Um produto do mal? A Elite indignada disse: Basta! A plebe rude debochada disse: Bosta! O presidente reclamava Pedia o nome do bom-tom Mas deu com um morto em sua cama Com a boca cheia de injetor O senador que tinha culpa no cartório Foi encontrado afogado em mictório Nos arredores de Brasília Agarrava sua filha que num cargo Ele mantinha mas nunca ia trabalhar Seria ele um ex-constituente Um louco contribuente Enlouquecido pra matar? Ter cargo alto se tornou coisa maldita Virou moda andar vestido de xiita Chapa-branca, e mordomia era horror E agonia, pois começou a morrer Gente dentro do trem da alegria! O terror foi se espalhando por Brasília Todos fugiram com seus dólares e família De avião ou pela estrada a multidão Descontrolada com a galera atrás gritando "Pega e mata essa cambada!" Mas é que o Homem que Matava Marajás Ameaçava as estatais e os senhores principais Mataram o Homem que Matava Marajás E o desovaram todo crivado de crachás O céu normal na capital foi despertar Esqueçam tudo deixem o carnaval passar Todos voltaram a roubar!