O homem pode ter suas fêmeas Mulheres podem ter seus machos Tudo é possível no amor Só não volta a infância perdida Só não nos livramos de morrer à toa O amor pode não ter ciúme A dor pode ser disfarçada Mas a via-crúcis do corpo Já foi há muito traçada Meu Deus, estamos abandonados E só nos resta matar Meu Deus, como a vida é amarga E doce como chocolate Será que eu tenho um destino? Não quero ter a vida pronta Como um plano de trabalho Como um sorvete de menta Matei, mataria mil vezes E mil vezes não me arrependeria Quem mata por amor tem perdão Porque o amor é a morte A comida na mesa Os vasos de jasmim O corpo do ser amado Enterrado no jardim Deus, por que não me procuras? Tenho sempre que ir a ti Deus, estamos cansados Está tudo desequilibrado Meu crime é um crime comum Minha infância está perdida Não há nada demais em matar O escroto que não te ama A via-crúcis do corpo O mundo caminha assim A via-crúcis da alma Essa nunca vai ter fim